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5 de junho de 2018

Paulistanos podem perder 736 ônibus por causa de dívidas da prefeitura com sistema de transportes

Paulistanos podem perder 736 ônibus por causa de dívidas da prefeitura com sistema de transportes

Coletivos lotados, longas esperas nos pontos e logo vem a frase típica do passageiro: “nessa linha precisa ter mais ônibus”.

Só que por causa da crise financeira do sistema da cidade de São Paulo, o paulistano pode, nos próximos meses, em vez de contar com mais coletivos, “perder”  736 ônibus nas ruas.

É uma das medidas estudadas pela prefeitura de São Paulo: retirar 5% dos 14 mil 728 ônibus em circulação, antes mesmo da realização da licitação do sistema, para tentar reduzir os custos operacionais frente ao débito que o poder público tem com o sistema, principalmente para subsidiar gratuidades e integrações.

O balanço mais recente disponibilizado pela SPTrans – São Paulo Transporte, gerenciadora dos serviços, mostra que o poder público tem uma dívida acumulada de R$ 178 milhões com o sistema, principalmente com as viações e ex-cooperativas.

A possibilidade de corte de frota foi confirmada pelo vereador de São Paulo, Senival Moura.

“Isso é fato. Recebemos a informação desta possibilidade. É a pior de todas as sugestões nesse momento. Uma alternativa desta vai gerar desemprego e oferta menor de lugares para o passageiro. Existem outras alternativas. Por exemplo, o que devo propor em próximas reuniões com a secretaria de transportes, é ampliar o prazo de repasse para as empresas de ônibus” – disse o vereador em entrevista por telefone ao Diário do Transporte

O presidente do SPUrbanuss, Francisco Christovam, entidade que reúne as empresas de ônibus do sistema estrutural, disse que também soube da possibilidade por membros da prefeitura, mas não de maneira oficial ainda. O dirigente teme comprometimento da qualidade dos serviços.

“Cinco por cento dos veículos pode ser uma diferença muito grande no sistema agora. Para haver racionalização, não basta apenas tirar os ônibus. É necessário um estudo, reestruturar linhas, o que aparentemente não será proposto. Repentinamente é até possível a prefeitura pegar as OSOs – Ordens de Serviço Operacional e tentar reduzir o número de veículos. No entanto, não foi apresentado um estudo sobre a revisão das linhas.  Além disso, diminuir a frota é uma coisa, agora alterar a tarifa de remuneração, só é possível depois de uma concordância das operadoras contratadas” –  disse Francisco Christovam também por telefone ao Diário do Transporte.

Christovam também afirmou que continua grave a situação financeira das contas do sistema de transportes. Até dezembro, a remuneração para as empresas deve ser feita pela fórmula D + 10, ou seja, pagamento depois de 10 dias úteis contados do dia da operação de fato realizada.

Levando em conta que as operações custam em torno de R$ 22 milhões por dia e que, na virada do ano será contado também o sábado e domingo, a prefeitura terá no primeiro dia útil de janeiro de 2017 uma dívida em torno de R$ 250 milhões para o sistema de transportes.

“Disso não tem como reclamar, está no aditivo do contrato, mas passou deste valor, já é atraso” – enfatiza Christovam.

DEMISSÕES:

Diante da possibilidade, os trabalhadores já começam a temer demissões.

Levando em conta que, em média, existem no sistema cinco funcionários para cada ônibus, se for confirmada a retirada de 5% dos veículos, ficariam sem ocupação 3680 trabalhadores.

O presidente do Sindmotoristas, entidade que representa os trabalhadores em transportes, Valdevan de Jesus, o Noventa, afirma que também tomou conhecimento da proposta e que o sindicato não vão não vai aceitar.

“Ficamos sabendo também de forma extra oficial, mas por gente da própria prefeitura. O sindicato definitivamente não vai aceitar esta proposta que pode gerar desemprego no setor, além de piorar os serviços para o cidadão. Hoje tem linhas que a população fica 3 minutos esperando e os ônibus já estão superlotados. Imagine se tirar? Não quero acreditar que isso será colocado em prática e seremos contrários a essa proposta se ela for formalizada” – disse o dirigente sindical.

O QUE DIZ A PREFEITURA:

Apesar de a informação ter partido de dentro da própria administração Haddad, oficialmente a Prefeitura não se pronunciou sobre o tema. No final da manhã de sexta-feira, o Diário do Transporte enviou e-mail para SPTrans solicitando um posicionamento, sem retorno.  Outra mensagem foi enviada na manhã desta segunda-feira, mas também não houve resposta.

 

(Fonte: Blog Ponto de Ônibus)