Sindmotoristas está atento à manutenção do emprego, mesmo diante do sistema de pagamentos por cartões nos ônibus de São Paulo

O Sindmotoristas tem acompanhado de perto a execução do projeto piloto que permite o pagamento de tarifas de ônibus com cartões de crédito, débito e pré-pago, por meio da tecnologia de aproximação. Há três meses a nova opção de pagamento vem sendo testada.

Embora o Poder Público não tenha se manifestado sobre o assunto, a Mastercard, uma das bandeiras que participam dos testes, declarou que todos os ônibus de São Paulo adotarão a nova tecnologia, o que permitirá que os usuários de ônibus paguem a tarifa com cartões de crédito ou débito.

O sindicato tem se mostrado preocupado com a futura realidade do sistema do transporte público da capital paulista. Os representantes dos trabalhadores manifestaram-se a favor da tecnologia, desde que ela venha agregar qualidade ao serviço que é realizado pelo cobrador.
“Se as autoridades pensam em substituir o material humano por máquinas, certamente estarão cometendo um grave equívoco”, declarou o presidente licenciado do Sindmotoristas e deputado federal, Valdevan Noventa.

Para o parlamentar, o papel desempenhado pelos cobradores é indispensável para o pleno funcionamento do sistema, haja vista que esses profissionais não se limitam a cobrar tarifa, são também mantenedores da ordem dentro dos ônibus.

Na defesa dos cobradores, o sindicato fez várias campanhas com forte apelo social, ressaltando suas inúmeras tarefas. São eles que auxiliam cadeirantes e outros deficientes físicos adentrarem nos ônibus, fazem respeitar os assentos prioritários para pessoas com criança de colo, idosos e gestantes, evitam evasão de renda, intimidam a ação de meliantes, auxiliam o motorista no trânsito, entre outros.

O desemprego de quase 12 milhões de pessoas no país foi considerado pelos dirigentes sindicais para justificar a manutenção dos 19 mil cobradores no sistema. “É preciso ter uma compreensão mais humana da atual conjuntura, em que não há oferta de emprego a não ser na informalidade, onde se pratica baixos salários e quase nada de direitos trabalhistas.

“Em 2019, aconteceram diversas reuniões com a Prefeitura e com os empresários de ônibus sobre a nossa posição de que lugar de cobrador é dentro do ônibus. Nosso limite foi testado à exaustão. Em um determinado momento tivemos que agir para defender os direitos e o emprego da categoria”, disse o presidente em exercício do sindicato, Valmir Santana da Paz (Sorriso), em referência ao movimento dos condutores que parou São Paulo em setembro.

Sorriso adiantou que se houver penalização dos cobradores por causa da nova forma de pagamento da tarifa via cartões de débito e crédito, a categoria está preparada para agir. “Começaremos 2020 na luta”.