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27 de novembro de 2019

O poder do conhecimento, Comunicação Sindical e Lutas do Sindmotoristas são temas do 2º dia do Curso de Formação

O poder do conhecimento, Comunicação Sindical e Lutas do Sindmotoristas são temas do 2º dia do Curso de Formação

O poder do conhecimento

Depois de palestrar sobre mais de 3 mil anos de história do mundo, passando pelo surgimento dos sindicatos e as lutas dos trabalhadores no dia anterior, o professor Thomas Henrique de Toledo Stella voltou na manhã desta terça-feira (26), dessa vez, para falar sobre a força, o poder do conhecimento.

“Podemos ser ignorantes em vários assuntos, mas temos ao menos que dominar a área onde atuamos e nos relacionamos. É preciso estar sempre “atualizado” com mais informações a respeito do que é do nosso domínio. Não podemos esquecer, o mundo está em constante transformação. A nosso favor, temos um leque de instrumentos a ser utilizado, por exemplo, internet, cursos, palestras e livros. Então, faça uso deles”, destacou Thomas.

No evento, foi feito o alerta sobre a necessidade de ser seletivo e critico com as informações, “separar o joio do trigo”, principalmente na internet onde há uma enxovalhada de “fakenews”, as notícias falsas.

“No campo político, os governantes, os representantes do povo em geral devem enaltecer seus acertos e, também, fazerem a autocrítica dos seus erros. Muitos pensam que não, mas aprendemos e crescemos também com os nossos erros. Infelizmente, a classe política brasileira não faz isso”, destacou o professor de História.

No país, a educação e a saúde pública estão sob ataque. Querem restringir o acesso da população a serviços essenciais e manter o povo na ignorância. É preciso impedir o retrocesso, fortalecendo as organizações sociais. Para atuar na militância sindical, exige-se conhecimento do país e da sua categoria, bem como, investimentos na sua formação, visando melhorar enquanto pessoa e cidadão.

Consciência de Classe

Quem é trabalhador não é burguês. Se há uma orientação da empresa que você trabalha para mudar o regime para Pessoa Jurídica (PJ), não o torna empresário.

“Quanto à formação, ela continua e deve fazer parte de toda a vida. Se formar e se capacitar por você e pela sua categoria. Seja sempre um multiplicador de conhecimentos”, afirmou o palestrante.

Encerrando sua fala, o professor Thomas disse que a humanidade adquiriu um nível de conhecimento que permitiria não voltar atrás, retroceder, mas a realidade tem mostrado que não é verdade.

A importância da comunicação e formação sindical

A comunicação não poderia deixar de estar na programação temática do Curso de Formação Sindical. Para fazer a abordagem deste assunto a palestrante Ana Flávia, membro diretivo do Centro de Pesquisa de Comunicação da USP e do Sindicato dos Jornalistas.

“Quando fazemos esse tipo de atividade estimulamos a consciência dos trabalhadores. É importante estudar diferentes formas de comunicação e linguagem”. Para a jornalista, a comunicação não pode ser dissociada do trabalho, eles formam um processo único e é assim que identificamos as mudanças do mundo.

Numa greve, é fundamental que os trabalhadores se utilizem da comunicação para expressar a realidade dos fatos. Por isso, estudar a comunicação no mundo do trabalho é se identificar nas relações com o outro, as contradições e os conflitos do meio. As transformações do trabalho transformam as formas de se comunicar.

A comunicação tem que servir ao objetivo do sindicato de chegar às bases. Ela não pode ser engessada e se restringir a panfletos e cartilhas. Deve a aproveitar a comunicação para explorar os espaços coletivos, estimular a rede de comunicadores (trabalhadores em transportes), otimizar a organização e para fortalecer a consciência de classe.

Para Ana Flávia, a comunicação está intimamente ligada aos resultados do trabalho realizados pelo sindicato.

Crise institucional do Sindmotoristas

O assessor político do Sindmotoristas e profundo conhecedor da história da entidade e dos condutores de São Paulo, Antônio Ferreira Alves (Toninho), fez um breve relato de um dos períodos mais críticos da história da categoria.

Toninho deu uma pincelada em alguns fatos como a prisão e tortura do então presidente do sindicato Alcides Boano, na época da ditadura militar. Lembrou da realização dos setes congressos, com destaque para o último realizado pela Gestão Noventa em 2017, que contou com a presença de 1.200 pessoas.

Na década de 90, os condutores fizeram enfrentamentos com os governos municipais de Maluf e Pitta. Mais de 150 greves da categoria pela PLR, ticket refeição, valorização dos salários, etc. Há de destacar três grandes paralisações. A greve dos condutores parou a cidade de São Paulo quatro, seis e nove dias.

No começo dos anos 2000, o Sindmotoristas conquistou “passe livre” para os trabalhadores nos ônibus intermunicipais e rodoviários do Estado.

O Governo Marta Suplicy sanciona a Lei de Reestruturação do Sistema de Transporte Público, que trouxe sérias consequências para os trabalhadores. A “modernização” do sistema resultou no fechamento de 19 empresas de ônibus e nas demissões em massa.

Anteriormente a esse fato, o Governo Municipal descumpriu o acordo com o sindicato de remanejar 4 mil trabalhadores. Apenas 1.200 foram aproveitados no sistema. A relação entre o Poder Público e a entidade de representação dos trabalhadores era conflituosa.

O Sindmotoristas foi fazer o enfrentamento com a realização de uma greve para manter o emprego de 10.800 trabalhadores. A repressão sobre os trabalhadores fez com que o presidente, na época, Edivaldo Santiago, comparasse a prefeita Marta Suplicy ao regime militar.

Em 2003, uma denúncia de que a direção do sindicato recebia propina dos patrões para acobertar as irregularidades no sistema levou à prisão 19 diretores. No dia 19 de maio, a Polícia Federal invadiu o sindicato e realizou uma devassa na vida dos dirigentes. Havia uma campanha desmoralizante quanto à imagem da entidade, que foi rotulada de “Sindicato do Crime”. O incidente teve ampla cobertura da TV Globo.

Neste período, a Justiça determinou que todos os trabalhadores votassem na eleição para a renovação da diretoria do Sindmotoristas. Os companheiros reconheceram as falsas acusações e a injustiça cometida contra os diretores e votaram expressivamente na Chapa encabeçada por Luiz Gonçalves que venceu o pleito.

Nunca se provou nada do envolvimento dos diretores do sindicato em acordos ilícitos com empresários de ônibus. Já o responsável pelas calúnias e mentiras, o dedo duro Marcos Antônio, teve que fugir após o Ministério Público pedir sua prisão.

Esse episódio, e não poderia ser diferente, ficou marcado na lembrança de toda a categoria e dos dirigentes que foram vítimas dessas perseguições, finalizou Toninho.

Considerações Finais

Nas considerações finais, diretores e delegados das cinco regiões falaram das suas impressões positivas a respeito do Curso de Formação Sindical. A maioria destacou os temas abordados nas palestras que foram oportunos e atuais, os palestrantes se interagiram com a plateia, o conteúdo foi passado com uma riqueza de detalhes e a plateia absorveu as informações. Os dirigentes voltaram para as suas bases com mais conhecimento e com a missão de serem multiplicadores de tudo que aprenderam no curso.

O delegado Marquinhos da MobiBrasil disse que é gratificante fazer parte da categoria dos condutores de São Paulo, do sindicato e das batalhas por melhores condições de trabalho e emprego. “A palestra do professor Thomas sobre a história do mundo fez-me repensar e reavaliar sobre muitas coisas: a minha vida, minha atuação como dirigente sindical e as responsabilidades que tenho com meus companheiros de garagem e luta. Só tenho que agradecer essa oportunidade ao presidente Sorriso e toda a direção do Sindmotoristas”.

Mais conhecimento!

O jornalista Humberto Martins, exímio conhecedor das lutas de classe, das relações do mundo do trabalho e que teve a oportunidade de trabalhar no setor de comunicação e imprensa do sindicato, presenteou todos os participantes com o seu livro “O golpe do Capital contra o trabalho”, que, devido ao seu sucesso, está na segunda edição. Na ocasião, Humberto afirmou que a categoria dos condutores de São Paulo é a mais atuante e combativa do país, o que justifica a sua relevância no cenário nacional.

Diretoria Executiva

De uma maneira geral a diretoria executiva parabenizou todos os participantes que contribuíram para o êxito do evento, a comissão organizadora que se empenhou ao máximo para a realização do curso, ao presidente Sorriso e aos diretores da Manutenção Naílton e Zé Carlos Negão da Igualdade Racial, que coordenaram junto com as secretarias de Formação e Cultura e Comunicação e Imprensa todo o processo. Também, foi feito um agradecimento especial ao deputado federal e presidente licenciado da entidade, Valdevan Noventa, que apoiou desde a iniciativa.

O companheiro Naílton disse que foi construída mais uma página na história dos condutores e finalizou sua fala com uma frase para refletir. “Antes, quem tinha poder era quem tinha conhecimento. Hoje, o sucesso está em partilhar conhecimento com o outro. Trabalhadores unidos jamais serão vencidos”.

Encerramento

O presidente em exercício do Sindmotoristas, Valmir Santana da Paz (Sorriso), disse que o Curso de Formação Sindical foi um aprendizado, preparou todos os participantes para enfrentar os desafios lá fora, que, aliás, se intensificaram com ações perversas de um Governo que quer acabar com os direitos trabalhistas e com os sindicatos. “Mas, se depender da categoria dos condutores isso nunca irá acontecer”.

O dirigente disse que o sindicato não vai parar com suas atividades. Em 2020, serão realizados novos cursos voltados para os cipeiros e as trabalhadoras em transportes.

“Com o apoio, o comprometimento e a força do nosso líder maior, Valdevan Noventa, nossa categoria continuará fazendo a diferença. Hoje, Noventa é a voz dos condutores de São Paulo e de todos os trabalhadores do Brasil no Congresso Nacional. Junto com o deputado federal Orlando Silva, ele é o “baluarte” da resistência contra aqueles que atacam a história de conquistas do movimento de trabalhadores, que agem de forma traiçoeira para desmontar a legislação trabalhista e enfraquecer o movimento sindical. Por mais que tentem, continuamos fortes e unidos. Pelos nossos direitos e emprego, estamos preparados para fazer o enfrentamento”, finalizou Sorriso que desejou um bom retorno a todos para as suas bases de trabalho.