Proteção aos condutores: cobrança do Sindmotoristas é pauta de reportagem do Jornal da Band
Não é de hoje que a direção do Sindmotoristas tem buscado meios para proteger os condutores de São Paulo ao contágio do novo coronavírus. Desde os primeiros casos no Brasil, o sindicato tem notificado as empresas e o Poder Público sobre as necessidades de oferecer aos motoristas e cobradores os EPIs como máscara, luvas e álcool em gel 70%, mas ao que tudo indica, os patrões têm ignorado o apelo da entidade e dos profissionais, fato este que tem chamado, inclusive a atenção da grande imprensa.
Na semana passada, a Secretaria de Saúde da entidade realizou um levantamento sobre os casos de coronavírus na categoria e os números foram alarmantes: 175 casos suspeitos, 27 confirmados e 15 mortes – destas, 4 já foram confirmadas e 11 aguardam resultado de exames.
Na manhã desta segunda-feira, dia 20, o secretário geral da entidade, Francisco Xavier da Silva Filho, o Chiquinho, concedeu uma entrevista ao Jornal da Band, falando sobre a preocupação do sindicato à situação dos condutores.
“Não é de hoje que temos cobrado providências do Poder Público e das empresas. É inadmissível que eles não tenham sensibilidade aos nossos profissionais que conduzem, diariamente, milhões de passageiros, entre eles os que atuam na linha de frente dos hospitais. Transportamos enfermeiros, recepcionistas, profissionais da limpeza e até mesmo os médicos, isso sem falar de todas as outras categorias que usufruem do serviço de transporte”, afirmou.
Chiquinho não poupou críticas ao Poder Público pela sua negligência. “A Prefeitura é a contratante das empresas. Portanto, cabe a ela tomar providências e exigir de uma vez por todas que as mesmas ofereçam o mínimo de proteção aos profissionais. O vírus está aí, são milhares de veículos lotados circulando na cidade e todos nós sabemos o que dizem as orientações da OMS, principalmente as que tratam sobre evitar aglomerações”, disse.
“Não podemos aceitar que nossos profissionais sejam vítimas do vírus e do descaso. Estamos lutando, fazendo o possível e o impossível para sermos ouvidos”, finalizou Chiquinho.
A TRISTEZA DE PERDER UM COLEGA
A reportagem da Band também entrevistou o motorista da Metrópole Paulista, Unidade Imperador, Gilson Mario Aparecido Nunes. Em um breve relato, Gilson falou sobre o pânico dos colegas que não têm recebido os EPIs. “Não recebemos absolutamente nada, no máximo, há dias um único e pequeno frasco de álcool em gel que já acabou. As máscaras e luvas temos comprar com nosso próprio dinheiro, o que é errado”, disse.
O motorista também emocionou-se a falar sobre a perda de um colega, vítima de Covid-19. “Estamos abalados com tanta insegurança e com a dor da perda de pessoas próximas, colegas de profissão, que há poucos dias estavam ao nosso lado, foram internados e depois de algumas semanas perderam a vida. Nós sequer pudemos nos despedir”, finalizou.
MORTES CONFIRMADAS
Das 15 mortes levantadas pelo sindicato, 4 já foram confirmadas. Todas as vítimas são do sexo masculino, tendo 70, 58, 51 e 50 anos de idade.
