Valdevan Noventa - Um líder não nasce por acaso!

5 de junho de 2018

Noventa fala ao Diário de S. Paulo

Noventa fala ao Diário de S. Paulo

Está mais seguro andar de ônibus em São Paulo

Levantamento da SPTrans mostra que a quantidade de acidentes envolvendo coletivos caiu 13,42%

Tamiris Gomes

Motoristas recém-contratados participam de treinamento em um articulado

O número de acidentes envolvendo ônibus urbanos em São Paulo caiu em 2013. A SPTrans registrou 9.448 ocorrências, entre acidentes fatais, sem mortes e/ou sem vítimas. A estatística aponta 1.465 casos a menos do que na comparação com o ano anterior, uma queda de 13,42%. Em 2012 foram 10.913 colisões envolvendo coletivos, mais do que as 10.579 ocorrências de 2011.

Otimistas com os resultados do ano passado — aproximadamente 1,6 acidente para cada um dos 15 mil ônibus que circulam na capital —, os presidentes dos sindicatos das empresas de ônibus e dos motoristas apostam em uma redução ainda mais significativa neste ano. Para eles, tais números refletem a eficiência dos programas de treinamento junto aos condutores e cobradores.

“Todas as empresas de São Paulo obrigatoriamente têm de oferecer treinamento para seus funcionários, mas cada qual organiza de uma forma”, salienta Wagner Queiroz Gomes, coordenador de treinamento da Sambaíba, empresa dos ônibus azuis da Zona Norte.

A viação, por exemplo, conta com dez monitores de treinamento, posicionados como passageiros, que ficam de olho no desempenho dos motoristas em atividade. “Monitores internos são uma novidade nossa”, acrescenta Gomes. “Essas e outras iniciativas (de treinamento e fiscalização) têm sido intensificadas”, reforça, em nota, a SPTrans.

conscientes/ A quantidade de multas aplicadas em motoristas de ônibus também caiu em 2013. Em números precisos, as concessionárias (contratadas por licitação) receberam 109.366 infrações em 2012 e 98.805 em 2013 . As permissionárias (que só têm a permissão do serviço) foram multadas 75.589 vezes em 2012 e 58.494 no ano passado (leia mais na página ao lado). Esse é outro indício de que os motoristas estão mais conscientes e prudentes. E quem ganha com isso são os usuários do transporte público.

Treinamento tem cursos de quatro horas diárias

Bastante curiosos, os motoristas Emerson Henrique e Luciano Rodrigues, 37 anos, Jailson José Santos e Anderson de Oliveira, ambos 39, e Valbério Marques, 34 anos, desciam do ônibus articulado de 23 metros após rodarem a capital por cerca de quatro horas. A atividade é a parte prática do curso de direção defensiva oferecido pela empresa Sambaíba.

“É uma responsabilidade transportar pessoas. Para mim o treinamento é muito importante, pois ficamos mais informados, mais confiantes. Hoje os ônibus têm muitas tecnologias novas”, relata Marques.

Dentre os cursos ofertados pelas concessionárias diretamente relacionados a fatores que previnem acidentes estão os que debatem a convivência com os ciclistas (no qual o motorista é instruído a ter um olhar mais atento para esse público), dirigir de forma preventiva, não fazer uso de celular, não manter conversas desnecessárias com o cobrador ou usuários e dar sempre preferência aos pedestres.

Há outras aulas ainda direcionadas ao atendimento ao público, sobretudo pessoas com alguma deficiência física e idosos. Motoristas e cobradores são obrigados a participar. A maioria das aulas é teórica, dentro das salas de aula na garagem da empresa.

A reportagem do DIÁRIO acompanhou um desses treinamentos da Sambaíba, com pouco mais de 20 alunos. Na ocasião, o instrutor Luiz Carlos Silva ensinava o manejo e códigos de sistema do simulador de bilhetagem eletrônica. No fundo da sala, uma cadeira de rodas e um elevador foram usados numa simulação.

Análise

Valdevan Noventa, presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo
Trânsito e faixas exclusivas contribuíram com a redução

Sabemos que o trânsito em São Paulo é caótico e, como consequência disso, temos a diminuição da velocidade dos ônibus. Com a velocidade menor, os acidentes diminuem. Outra questão que incide nesses números é a de que o motorista ganha por hora, ou seja, ele não tem necessidade de dirigir correndo. A média do expediente é de nove horas por dia, mas a gente sabe que isso depende da empresa que administra. Muitas empresas têm quadros escassos e acabam usando a mão de obra disponível, deixando os condutores sobrecarregados. Sobre as faixas exclusivas, sim, ganhamos velocidade, o que é melhor para a população. Porém, ainda falta educação no trânsito. Hoje, a tecnologia chegou no ônibus. A dificuldade agora é a de que todos os funcionários se adaptem a essas tecnologias. O sindicato também dispõe de um instituto que fornece treinamentos para condutores, além de exigir das empresas cursos de qualificação. Não se pode punir sem dar o treinamento adequado. Temos no sindicato 37 mil trabalhadores associados, dentre os quais 17 mil a 18 mil são motoristas.

Cai número de multas aos motoristas

Governo arrecadou quase R$ 78 milhões em 2013

No ano passado, o Resam (Regulamento de Sanções e Multas) fechou com 10.561 multas a menos aos motoristas de ônibus da capital. Mesmo assim, o departamento da Prefeitura arrecadou quase R$ 78 milhões das permissionárias e concessionárias (com variação positiva de 42% entre 2012 e 2013). As punições aplicadas em decorrência do excesso de velocidade caíram, passando de 1.437, em 2012, para 979 em 2013. Descumprimento de partidas é a infração campeã nos dois anos consultados. As empresas VIP Área 3 e Via Sul amargam a primeira e segunda posições no ranking de empresas mais multadas em São Paulo. Os motoristas mais multados operavam nas linhas 637A-10 (Terminal Pinheiros /Terminal Jardim Ângela) e 6913-10 (Terminal Bandeira/ Terminal Varginha) . Os dados foram fornecidos pela SPTrans.

valores/ O valor das multas varia, no caso de descumprimento de partidas, de acordo com quantas partidas foram perdidas. Para descumprimento de intervalos programados a punição prevista é de R$ 360, mesmo valor aplicado quando a infração é deixar de atender partida programada de deficiente. Falar ao celular gera multa de R$ 180 ao motorista. Conduzir o veículo comprometendo a segurança dos usuários vale R$ 720 de multa e deixar de cumprir avisos custa uma autuação de R$ 360.

Sistema levou mais 6 milhões de pessoas

Segundo a SPTrans, 6 milhões de pessoas passaram a usar o transporte coletivo em 2013. Ao todo, foram 2.923 bilhões de usuários durante os 12 meses do ano. Os dados foram divulgados pelo jornal “O Estado de S. Paulo” na sexta-feira. Até o fim de 2014, a projeção da Prefeitura é de que a cidade alcance os 2.937 bilhões de pessoas transportadas pelos coletivos. O resultado reverte uma tendência de queda: em 2012, 24 milhões de paulistanos tinham saído do sistema .

Fonte: Diário de S. Paulo