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5 de junho de 2018

Mobilidade mais uma vez é decisiva nas eleições municipais

Mobilidade mais uma vez é decisiva nas eleições municipais

 

Apesar de o caráter mais nacionalizado das eleições, com o acirramento dos ânimos dos favoráveis ao PT e dos contrários ao Partido dos Trabalhadores, a temática estritamente municipal foi decisiva no primeiro turno e deve ser ainda mais forte onde houver o segundo turno. E novamente, os assuntos ligados à Mobilidade Urbana foram decisivos para a escolha do eleitor.

Polêmicas como redução de velocidade em vias de grande fluxo para diminuir o número de acidentes e mortes, congelamento de tarifa de ônibus e decepção ou aprovação em relação aos serviços de transporte tiveram peso especial.

Com a bandeira de reduzir a velocidade nas marginais Tietê e Pinheiros, acabar com uma suposta indústria da multa, congelar a tarifa de ônibus e rever algumas faixas para ônibus, como na Avenida Giovanni Gronchi – área nobre,  e rever também ciclovias, o candidato de primeira viagem João Doria (PSDB), capitaneado pelo governador Geraldo Alckmin, conseguiu se eleger de forma inédita na história da cidade de São Paulo, em primeiro turno. Nesta área, muitas de suas políticas propostas nnão encontram alinhamento total com a Lei de Mobilidade Urbana e com as práticas de diversas cidades em todo o mundo para priorizar o transporte coletivo e reduzir os riscos dos pedestres e ciclistas. Mas o eleitor decidiu.  O prefeito Fernando Haddad não conseguiu realizar a licitação dos serviços de ônibus e não criou cronogramas para a implantação de uma frota de coletivos menos poluentes.

 


Curitiba, considerado o berço do BRT (corredores de ônibus de maior capacidade velocidade) e exemplo mundial de mobilidade, não tem mais o mesmo padrão de qualidade de antes. A desintegração financeira das linhas municipais com as linhas metropolitanas, acabando com algumas integrações e reduzindo linhas, desagradou o eleitor que deu a resposta nas urnas. O prefeito que era candidato à reeleição, Gustavo Fruet não conseguiu sequer ir para o segundo turno, que vai ser disputado entre Ney Leprevost (PSD) e Rafael Greca (PMN). Ainda no setor de mobilidade, em Curitiba, a falta de consenso com as empresas de ônibus em relação à remuneração dos serviços, também prejudica a qualidade dos transportes. Não há uma renovação de frota considerável há mais de dois anos e não houve crescimento significativo das já saturada rede de corredores de ônibus, que precisa se expandir.

Em cidades menores, a mobilidade também pesou muito nas eleições.

Em Mauá, na região metropolitana de São Paulo, grande parte da população ainda não assimilou a volta do monopólio dos transportes com retirada de duas empresas, Viação Cidade de Mauá e Leblon Transporte de Passageiros, após acusações de fraude em bilhetagem eletrônica que não tiveram consenso nem no próprio poder público e são contestadas judicialmente. Uma frota de 100% de ônibus novos da Suzantur, prometida pela empresa e pelo atual prefeito Donisete Braga, aconteceu muitos meses depois do prometido. Não houve implantação também no tempo prometido dos 300 novos abrigos de ônibus e demora nos pontos e superlotação são algumas das principais reclamações que persistem nos transportes da cidade do ABC Paulista. Donisete Braga (PT) conseguiu ir para o segundo turno, mas com uma distância considerável em relação a Atila Jacomussi (PSB), primeiro colocado: Jacomussi teve 85.615 votos, o que corresponde a 46,73% dos votos válidos para a disputa, contra 41.958 de Donisete Braga – 22,90%

É histórica a influência da mobilidade urbana nas eleições municipais e, assim que deve ser. Afinal são os municípios responsáveis pela maior parte da concessão dos serviços de transportes, pelas políticas quase inexistentes em todas as cidades de proteção ao pedestre e gerenciamento da sinalização e do trânsito.

Além de pensar em partidos ou nomes, a população também deve ver se as promessas das eleições passadas foram cumpridas e julgar as novas promessas. Não adianta, por exemplo, um prefeito prometer obras ou ações que são impossíveis ou que não são de sua incumbência, como aquelas que são de responsabilidade dos governos estaduais e Federal. Neste caso, os prefeitos podem ajudar e articular com as outras esferas de poder, mas não fazerem. O candidato ético deve deixar claro o que é de sua responsabilidade direta e no que ele pode negociar com governadores e União.

  (Fonte – Adamo Bazani, jornalista)