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5 de junho de 2018

Doria faz 100 dias como prefeito de SP: ‘Não sou candidato à Presidência’

Em entrevista ao G1, prefeito defende o aumento na velocidade das marginais, diz que o importante é fazer, e não escrever planos de meta, e declara guerra aos pichadores e aos ‘rolezinhos do mal’.

 

prefeito João Doria (PSDB) completa nesta segunda-feira (10) cem dias no comando da Prefeitura de São Paulo com uma presença intensa com mais de 80 compromissos nas ruas, mais de 90 encontros com empresários, além de agenda com políticos. Doria teve compromissos em todos os dias de trabalho, incluindo sábados e domingos. Diz que trabalha de 16 a 18 horas por dia e que vai manter este ritmo em toda a sua gestão. E tudo o que faz, ele posta no Facebook.

 

Tamanha exposição faz seu nome crescer como opção para as eleições de 2018. Em entrevista ao G1 feita na noite de quinta-feira (6), Doria reafirmou o que havia dito durante a campanha, em 2016: vai cumprir seu mandato como prefeito. “Não sou candidato à Presidência da República, não sou candidato a governador, sou candidato a ser prefeito, um bom prefeito, como modéstia à parte tenho sido nesses três meses”, diz. No sábado (8), à CBN, Doria afirmou que se o governador Geraldo Alckmin pedir para ele ser candidato ao governo de São Paulo em 2018, ele o fará.

 

Doria negou que seu Plano de Metas seja enxuto (“menos é mais”). Também falou sobre a guerra contra os pichadores, garantiu que não vai reduzir o limite de velocidade nas marginais e que vai acabar com os ‘rolezinhos do mal’ no Parque do Ibirapuera. Confira abaixo ou no vídeo acima:

 

G1 – No último dia 30 o senhor entregou um plano de metas com 50 itens, menos que as 80 promessas contabilizadas pelo G1 que o senhor fez durante a campanha eleitoral. Não é um plano muito enxuto?

 

Doria – Não. Menos é mais. Estou seguro que fiz em 96 dias mais do que muitos prefeitos fizeram em um ano. Não é o fato de estar ou não estar em um Plano de Metas. É fazer ou deixar de fazer. E comigo é fazendo que a gestão vai funcionar.

 

G1 – Prefeito, o fato de ser um plano sem especificar todas as ações e de não ser regionalizado não dificulta a fiscalização pela população?

 

Doria – Ao contrário. Independente de plano, a população quer ação, quer atitude. É muito melhor que o papel, que você imprime, que você escreve, é atitude, é o que você faz. E eu modéstia à parte sou um prefeito que faço. Porque é isso que a população quer. Menos burocracia, menos plano, mais ação e mais atitude. E eu sou um prefeito gestor. E o que eu tenho procurado fazer, e o ritmo desses 90 dias vai ser o ritmo que vamos levar na Prefeitura de São Paulo, agindo na educação, saúde, transporte, habitação, nos segmentos básicos e mais importante onde eu incluo também a segurança pública.

 

G1 – Uma das metas contidas no plano é a de aumentar em 30% a oferta de vagas em creches totalizando 60% dos atendimentos para crianças de 0 a 3 anos. No entanto, durante a sua campanha o senhor afirmou que iria zerar a fila da creche em apenas um ano e improvisar prédios desocupados da iniciativa privada como bancos para suprir a falta de espaço. O que mudou?

 

Doria – Primeiro não é improvisar, é utilizar. Vamos. Recebemos algumas agências que são casas que não foram mais utilizadas e possuem condições adequadas para implantação de creches para até 160 crianças. Também alocação de outros imóveis com recursos através do Fumcad (Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente). Nós tivemos o apoio do setor privado, principalmente dos bancos, para a captação de recursos do Fumcad. A nossa meta é de fato zerar o déficit de creches começando pelas 67 mil crianças de 0 a 3 anos que não tiveram creche no ano passado. Temos o compromisso de zerar até março do ano que vem.

 

G1 – Prefeito, o senhor prometeu acabar com a Cracolândia, no entanto passados 100 dias de governo nada aconteceu. Quando essas ações vão começar?

 

Doria – Olha, eu sou bom, eu faço o impossível, mas milagre eu ainda não consigo fazer. O prefeito que me antecedeu, que é uma boa pessoa, não conseguiu fazer isso em quatro anos. Você não pode me cobrar em três meses acabar com a Cracolândia. Nós estamos desenvolvendo trabalho, realizando reuniões. São vários grupos de trabalho envolvidos dos governos federal, estadual e municipal com o projeto Redenção. O nosso compromisso de terminar com a Cracolândia, começando pela Cracolândia da Luz, vai acontecer. Mas me peça o possível, mas milagre não pode me pedir. Me cobrar em 90 dias um problema que há 12 anos afeta cidade. As ações vão começar no primeiro semestre, vocês já deram essa notícia aqui.

 

G1 – O que será feito em relação aos prédios ocupados no Centro?

 

Doria – Vão ser desocupados. Temos de oferecer uma alternativa para essas pessoas. Elas erraram ao fazer a ocupação de prédios públicos, mas seria desumano desaloja-las. Já os prédios privados vai depender da decisão da Justiça. Se a Justiça determinar, eles terão de ser desocupados. Os prédios públicos nós teremos a capacidade de compreender as circunstâncias, oferecer a opção ou do aluguel social ou da habitação social para transferir essas pessoas para unidades definitivas.

 

G1 – Em dois meses, cinco motociclistas morreram em acidentes nas marginais Tietê e Pinheiros. Uma das metas do senhor é reduzir esse número de acidente e mortes em toda a cidade? Como impedir que esse número cresça com tantos acidentes ocorrendo?

 

Doria – Com campanhas educativas, coisa que não foi feita no passado e deveria ter sido feita. Nós temos que investir em campanhas educativas. É preciso melhorar a disciplina dos motoristas, tanto de motocicletas como de veículos, inclusive de utilitários como caminhões e ônibus. Nós temos de fazer mais investimentos em programas educativos. A primeira campanha começa agora no final de abril e início de maio. São dois focos específicos. Um para o respeito aos motociclistas e também alertando os motociclistas a terem maior cuidado e prudência sobretudo na utilização das vias rápidas, vias expressas, avenidas e nas marginais e também nas rodovias que circundam a cidade. O segundo é a não utilização do celular enquanto as pessoas estão dirigindo. O celular é responsável por 80% dos acidentes em automóveis em São Paulo pelo inadequado ou em dados ou em voz. Por favor, não usem celular de nenhuma forma enquanto estiverem dirigindo. Nem mesmo com veículo parado, exceto se estiver estacionado e com o motor desligado. Fora disso, não uso porque você está sujeito a um acidente. Dois segundos é tempo suficiente para em uma distração provocar um acidente.

 

G1 – Prefeito, mas se esse número de mortes nas marginais continuar subindo o senhor pode rever a questão do aumento do limite de velocidade?

 

Doria – Nada tem a ver com o aumento da velocidade. Não houve nenhum acidente desde 25 de janeiro que tenha sido motivado por excesso de velocidade. Nem no limite dos 90 km/h, na pista expressa, nem por excesso de velocidade. Os acidentes nas marginais foram 82% com motociclistas e lamento dizer que por imprudência da maioria deles, e em outros casos por imprudência de motoristas de ônibus ou veículos que, de forma desastrada ou distraída, abalroaram os motociclistas ou até como houve um caso de atropelamento na marginal. As velocidades serão mantidas conforme estão.

 

G1 – Esta semana mais monumentos foram pichados no Centro. A guerra contra os pichadores é como ‘enxugar gelo’?

 

Doria – Não, não é. Diminuiu muito a presença de pichadores. Não houve novas pichações no Centro, houve tentativas. Eles foram aprisionados. Tem 102 pessoas que foram aprisionadas desde 2 de janeiro e continuarão a ser. Pichadores que pretenderem machucar a cidade, seja patrimônio público ou privado, serão aprisionados, vão responder criminalmente por crime ambiental de 3 a 12 meses de prisão, e mais as penalidades da Lei Cidade Linda, com multas de R$ 5 mil a R$ 10 mil. Comigo os pichadores não vão ter vez. Volto a repetir aqui no G1: ou mudam de profissão ou tornem-se artistas. Sejam grafiteiros ou muralistas, partam para o campo da arte onde terão respeito, proteção e um ambiente adequado, com museu de arte na rua e a escola do grafite que estamos implantando. Se continuarem o desejo de destruir a cidade e continuar a pichar serão aprisionados e vão responder criminalmente e judicialmente.

 

G1 – Quais as alternativas que a Prefeitura vai oferecer para os jovens que fazem ‘rolezinhos’ no Parque do Ibirapuera? Não pode ser o mesmo caso de ‘enxugar gelo’, quando chega a vigilância e eles apenas mudam de lugar?

 

Doria – Comigo não tem esse negócio de enxugar gelo não. Tem atitude. Primeiro, os rolezinhos na forma em que estão sendo feitos, não vão ser permitidos e serão coibidos. Já apreendemos 6 mil litros de bebidas alcoólicas e outras bebidas que não é possível sequer nominar, com misturas de álcool que são ingeridos por jovens e adolescentes com menos de 18 anos e frequentam esses, vamos chamar, rolezinhos do mal. A vigilância nos parques já foi dobrada, com a GCM, e também com os serviços judiciais para coibir e impedir a sua realização. Primeiro é uma questão de educação: os pais devem educar os seus filhos a não beber bebidas alcoolicas com menos de 18 anos. Os pais devem educar os seus filhos que rolezinho faz mal à saúde e faz mal à integridade desses jovens e dessas crianças. Nós temos o programa das ruas de lazer musical, que estão sendo implantadas pela Secretaria de Esportes e Lazer da prefeitura como uma opção saudável e positiva para que os jovens possam se encontrar. Agora, quantos milhares de jovens vão aos parques, Ibirapuera, Aclimação, Parque do Carmo e outros, e vão para fazer exercícios, para conversar, e não fazem rolezinhos? Não é o estado que tem que buscar apenas as alternativas. As próprias pessoas, Os jovens e sobretudo seus pais, têm que orientar os filhos que essa atitude é uma atitude errada. Faça um esporte, pratiquem exercícios, o que milhares de outros fazem, sem bebida, sem álcool, sem fumo e sem estarem fazendo contravenção.

 

G1 – Prefeito, vamos ver um trecho de uma entrevista de quando o senhor era candidato? [Ao G1, em 21/9/2016, João Doria, então candidato a prefeito pelo PSDB, disse que ficaria 4 anos, e que se compromete a não tentar a reeleição. “Serei prefeito por 4 anos”, disse]. O senhor vai cumprir essa promessa de ficar os quatro anos?

 

Doria – Eu fui eleito para ser prefeito da cidade de São Paulo, e o que estou fazendo é prefeitar. Sou contra a reeleição, continuo mantendo a minha posição. Não sou candidato à reeleição, não sou candidato à Presidência da República, não sou candidato a governador, sou candidato a ser prefeito, e um bom prefeito, como modéstia à parte tenho sido nesses três meses. Não sou eu que digo isso: pesquisas feitas recentemente, inclusive pelo Instituto Paraná, que é um dos institutos de pesquisa que têm seriedade e projeção nacional, deu avaliação, aliás vocês deram a notícia aqui, nós chegamos a 70% de índice de aprovação. Fico muito feliz, aumenta nossa responsabilidade mas quero deixar muito claro aos que estão nos assistindo, nos lendo: sou prefeito da cidade de São Paulo com muito orgulho e com muita satisfação, e agradeço a ótima avaliação que tenho recebido dos paulistanos, dos brasileiros que vivem aqui e dos não brasileiros que residem em São Paulo. E muito feliz também por pessoas de outros estados, outras capitais, falarem a nosso respeito, positivamente.