Dívidas da gestão Doria com empresas de ônibus chegam a R$ 324 milhões e ultrapassam Haddad
No momento em que empresários de ônibus e motoristas e cobradores negociam na campanha salarial, novamente entra em pauta o assunto sobre as dívidas da prefeitura para com as empresas de ônibus e o financiamento do sistema de transportes da capital paulista.
Segundo as planilhas da SPTrans São Paulo Transporte, gerenciadora do sistema, às quais o Diário do Transporteteve acesso, a Prefeitura de São Paulo tem débitos R$ 324, 19 milhões . O valor é referente aos repasses que deveriam ter sido realizados às companhias de ônibus, em especial, a respeito das interações e gratuidades.
Desta forma, de acordo com esses dados oficiais, a gestão Doria deve ao sistema de transportes, R$ 81,6 milhões a mais do que o prefeito anterior, Fernando Haddad, deixou como débito em dezembro do ano passado.
A decisão política do prefeito João Doria de congelar a tarifa em R$ 3,80 acaba pesando neste endividamento. Os custos das empresas para operar os transportes aumentaram, mas a tarifa continua nos mesmos patamares do início de 2016.
O congelamento foi uma promessa de campanha de João Doria e obrigou, inclusive, o Governo do Estado de São Paulo a congelar a tarifa básica do Metrô e dos trens da CPTM também em R$ 3,80 para que não houvesse descompasso entre os dois meios de transportes que são integrados pelo Bilhete Único.
No entanto, a Prefeitura diz que a maior parte desse endividamento se refere aos débitos deixados pela gestão Fernando Haddad, que estava em R$ 242,5 milhões. A gestão Doria diz que negocia com as empresas de ônibus.
Mas, pelas planilhas, a dívida continuou crescendo, o que significa dizer que ainda a gestão não conseguiu estancar a sangria do sistema.
Mesmo que a prefeitura consiga pagar todos esses débitos, a situação dos transportes coletivos em São Paulo ainda não terá uma solução. Isso porque, parte dessas dívidas é referente à forma insuficiente e ultrapassada de custeio do sistema.
Uma das esperanças para amenizar o problema está na licitação dos transportes, cujo edital deve ser lançado ainda neste mês, de acordo com promessa da secretaria de Transportes e Mobilidade. Entre os objetivos está reformular o sistema e a rede de linhas para reduzir custos operacionais.
O prefeito João Doria também afirmou que pretende, ao longo de sua gestão, revisar algumas gratuidades, como o limite das cotas para estudantes e os benefícios para idosos entre 60 e 64 anos.
O atual quadro influencia nas negociações e pressões durante a atual campanha salarial dos funcionários dos transportes.
As empresas de ônibus dizem que não têm como conceder os reajustes pleiteados devido à situação do sistema.
Apesar de não concordar com o aumento oferecido de 3% em duas parcelas nos salários e ameaçar paralisação de todos os terminais da cidade entre as 14h e 17h desta terça-feira, o Sindmotoristas admite que a atual situação do sistema prejudica os ganhos das empresas e dos trabalhadores.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes