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5 de junho de 2018

CET assina primeiro contrato para manutenção semafórica, mas empresas questionam lisura da licitação

CET assina primeiro contrato para manutenção semafórica, mas empresas questionam lisura da licitação

Empresas vencedoras dos três lotes já prestavam serviços de manutenção semafórica para a CET desde a gestão passada

ALEXANDRE PELEGI

A prefeitura de São Paulo prometia encerrar definitivamente a novela da manutenção semafórica. Mas até hoje o que se vê é uma série de idas e vindas no processo de concorrência, somado às constantes falhas na sinalização na capital.

Nesta quinta-feira (18), após mais de 40 dias de espera para a assinatura dos contratos com as empresas que venceram a licitação para a manutenção dos semáforos de São Paulo, apenas um lote, dentre os três licitados, teve a situação normalizada com a CET. Trata-se do Lote 3, vencido pela empresa Arc, que abrange toda a zona sul da capital e parte do centro.  Nesta sexta-feira os contratos restantes para a manutenção dos 6.399 cruzamentos semafóricos da cidade de São Paulo também foram assinados.

Os outros lotes fecham a cidade toda, e os contratos têm o mesmo valor e o mesmo prazo de um ano, podendo ser prorrogados por igual período.

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O interessante é que as empresas vencedoras dos três lotes já prestavam serviços de manutenção semafórica para a CET, o que tem levado a críticas que colocam o processo licitatório sob suspeição. Para aumentar a desconfiança, quatro das empresas atenderam a pedidos do prefeito João Doria e realizaram doações à cidade. Elas realizaram a troca das placas e da sinalização após o aumento da velocidade máxima das pistas das marginais Pinheiros e Tietê. O processo de doação ocorreu após chamamento público, a um custo de R$ 703 mil, bancado integralmente por elas.

Esta não foi a única concessão feita pelas empresas que faziam a manutenção dos semáforos desde o governo passado. Por conta da demora na licitação, a CET solicitou a elas que estendessem a garantia dos serviços por três meses, uma vez que os contratos haviam terminado no final de 2016. Entre janeiro e março elas consertaram novamente os semáforos defeituosos sem qualquer ônus para a prefeitura.

A situação complicou de vez após o processo licitatório ocorrer em julho, depois de sucessivos problemas: em maio o edital foi questionado pelo Tribunal de Contas do Município, e em junho o pregão acabou suspenso após a CET alegar falha no sistema eletrônico que realizaria a concorrência.

Quando finalmente a concorrência foi realizada, a proposta vencedora do Lote 1 coube a uma multinacional austríaca, Kapsch. A empresa, no entanto, foi inabilitada por um detalhe documental, considerado um exagero por juristas, o que provocou manifestação formal do cônsul da Áustria em São Paulo. O diplomata solicitou um encontro com o prefeito João Doria para falar do assunto, o que até agora não ocorreu.

Diante de tantas questões em aberto, em que se contesta a lisura da licitação, os problemas com a manutenção dos semáforos da capital parecem resistir até mesmo à troca de partidos e gestores. As empresas continuam, mas continuarão os problemas?