Linhas de ônibus mais assaltadas de SP percorrem vias da Zona Oeste
As linhas 8055 Perus-Lapa e 8050 Morro Doce-Lapa, que percorrem a Zona Oeste de São Paulo, foram as mais assaltadas da capital paulista em 2015, de acordo com o ranking da São Paulo Transportes (SPTrans) divulgado pelo Bom Dia São Paulo nesta terça-feira (19).
Na linha 8055 Perus-Lapa, a mais perigosa da capital paulista, os passageiros foram assaltados 31 vezes no último ano. “Fui assaltada dentro do ônibus. Eu estava com minhas duas filhas a caminho de casa, e levaram tudo”, conta a comerciária Célia Cristina. “Outro dia, eu descia próximo ao km 18, quando levaram documentos, pagamento, marmita e tudo que a gente tinha”, continuou.
O auxiliar de secretaria Renan Lopes contou sobre um assalto à mão armada dentro do veículo. “Ele me abordou no ônibus, disse que precisava de dinheiro e mostrou a arma”, disse.
A segunda linha mais assaltada, 8050 Morro Doce- Lapa, apresentou 24 ocorrências e faz quase o mesmo percurso que a campeã do ranking. Juntas, as linhas foram assaltadas 55 vezes. São mais de quatro assaltos por mês.
Ambas as linhas percorrem um trecho em comum, na Rodovia Anhanguera, que é escuro e pouco movimentado.
Dois fiscais da empresa de ônibus que opera as duas linhas e que preferiram não se identificar opinaram sobre quais iniciativas melhorariam o trecho. “Acho que falta um trabalho mais presente da polícia no local. Uma ronda mais ostensiva nas rodovias e no entorno”, disse um dos funcionários. “Tem funcionários na garagem que não querem vir para essas linhas. Alguns chegam a chorar, principalmente cobradoras”, disse outro.
Depois do sexto assalto, o cobrador Jeferson Araújo entrou em depressão. “Eu não tinha ânimo para trabalhar e pensava em desistir porque estava muito perigoso. Procurei o psicólogo da empresa e os encarregados, e eles me deram afastamento de 20 dias, mas voltei com aquele receio. Tudo é assustador pra gente”, contou.
Para driblar a falta de segurança, os funcionários criaram um grupo que troca mensagens por celular. Todos recebem o alerta de segurança sobre qualquer movimentação suspeita, e os veículos não param para as pessoas descritas.
Ainda assim, funcionários e passageiros não relaxam. “Fico atenta a quem entra no ônibus e torço para que dê tudo certo até o ponto que eu tenha que descer”, disse a técnica em química Talita Matos. “Fui assaltado duas vezes no final de 2015. Acostumados, os bandidos até riem e me desejam “bom trabalho”, contou o motorista Márcio Aparecido de Oliveira.