Alterar para dez anos prazo de renovação de CNH pode aumentar acidentes, segundo Abramet
Associação Brasileira de Medicina de Tráfego aponta que mudança pode sobrecarregar o SUS
O diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Geraldo Gutemberg, acredita que alterar para dez anos o prazo de renovação de CNH (Carteira Nacional de Habilitação) pode aumentar o número de acidentes.
O Projeto de Lei 3267/19, do governo Bolsonaro, altera o Código de Trânsito Brasileiro, visando dobrar a pontuação máxima para a perda do direito de dirigir e ampliar a validade da CNH. A proposta foi entregue à Câmara pessoalmente pelo presidente da República.
“Um engano do projeto é achar que, ao alterar para dez anos o período de renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), diminuirá custos para os condutores. Nos últimos três anos foram gastos R$ 3 bilhões do Sistema Único de Saúde (SUS) com pronto-socorro e hospitais de trauma”, avaliou Gutemberg.
Segundo uma pesquisa divulgada pela Abramet, a saúde dos motoristas é uma das principais causas dos 250 mil acidentes de trânsito registrados nas rodovias brasileiras nos últimos cinco anos. A informação tem como base dados Polícia Rodoviária Federal.
“Entendemos que essa mudança vai acarretar mais acidentes e atropelamentos, sobrecarregando ainda mais sobrecarga o SUS, além da previdência, com aposentadorias precoces. Esperamos que as mudanças que venham a ser realizadas no CBT sejam para favorecer os condutores, motociclistas e pedestres”, disse também o diretor.
Na última semana, teve início o XIII Congresso Brasileiro de Medicina de Tráfego, II Congresso de Psicologia de Tráfego e I Fórum Brasileiro de Educação e Saúde no Trânsito, realizados pela Abremet para discutir estes e outros temas.
Conforme noticiado pelo Diário do Transporte, a Câmara instalou na terça-feira, 17 de setembro de 2019, uma comissão para discutir as mudanças no Código de Trânsito.
Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2019/09/16/camara-comissao-codigo-de-transito
ACIDENTES
O Infosiga, banco de dados de acidentes do governo do Estado de SP, aponta que de janeiro a agosto deste ano, em todo o estado de São Paulo, foram registrados 94,3 mil acidentes com vítimas não fatais em vias urbanas e estradas estaduais. Segundo o Infosiga, para cada acidente fatal há 27 ocorrências com feridos.
Apenas em agosto, foram 478 óbitos no trânsito paulista, aumento de 2,8% em relação ao mesmo mês de 2018, com 465 mortes registradas.
Outro levantamento divulgado na última semana pela CNT – Confederação Nacional do Transporte e relativo apenas às rodovias federais, registra que em todo o ano passado foram registrados 69.206 acidentes, dos quais a maioria – 53.963 dos casos – com vítimas fatais ou não. Do total de vítimas, 5.269 é o número de óbitos.
Para se ter uma ideia da tragédia nas rodovias federais, desde que o levantamento da CNT passou a ser feito em 2007 foram registradas 88.749 mortes.
ABC PAULISTA
Os acidentes de trânsito custam aproximadamente R$ 540 milhões ao ano aos cofres públicos dos sete municípios do ABC Paulista. A estimativa foi divulgada pelo Observatório Nacional de Segurança Viária nesta quinta-feira, 19 de setembro de 2019.
Fonte – Diário do Transporte