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1 de Abril de 2024

O golpe militar de 1964 serviu para perseguir e prender lideranças sindicais do SMTRUSP

O golpe militar de 1964 serviu para perseguir e prender lideranças sindicais do SMTRUSP

Neste domingo, 31 de março, fez 60 anos que os militares deram um golpe de estado e impôs ao povo brasileiro uma ditadura militar que perdurou até 1985. Durante este período sombrio, ditadura se utilizou da prática de tortura, assassinatos, censura que impediu a liberdade de expressão, organização e manifestação política.

Ou seja, a classe trabalhadora ficou proibida de reclamar e lutar por seus direitos. Para os militares o MS – Movimento Sindical era a principal força política capaz de se opor e resistir aos golpistas, por isso cerca de 2 mil entidades sindicais em todo país, sofreram ocupações militares e intervenção. Suas direções foram cassadas, presas e exiladas e os militares indicavam seus aliados.

Na época, muitas lideranças sindicais foram presas e perseguidas pela polícia. Algumas abandonaram a política de forma definitiva. A repressão foi violenta, profunda e duradoura; conseguiu desarticular as lideranças e destruir as formas de organização e participação política construída ao longo dos anos.

O SMTRUSP – Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo sofreu 06 (seis) intervenções do Ministério do Trabalho, que nomeou as seguintes pessoas para coordenar a Junta Governativa: em 1936 – Guilherme Mesquita; 1938 – Armando Affonso Costa; 1957 – Érico Almeida Vieira Lopes; 1964/68, 1974/75 e 1975/79 – não consta nome dos interventores.

Nos períodos de 1964/68; 1974/75 e de 1975/79 o ficou sob intervenção logo após o golpe militar. Durante estes anos, como na maioria das entidades sindicais brasileira, a entidade também teve sua história camuflada pelos interventores a serviço dos generais. Como afirmou em 2010 o ex-presidente mais antigo em vida, Alcídio Boano, 81 anos, “vivemos tempos terríveis”.

Em 1965, Alcídio Boano foi eleito presidente do Sindicato e só consegui tomar posse em 1968 depois de uma longa briga jurídica. Novamente em 1973 volta a ser eleito presidente e um ano depois foi preso e torturado; teve seu mandato e os direitos políticos cassados. Com o fim da intervenção da entidade no final de 1979, os trabalhadores (as) passam a eleger novamente seus representantes em eleições diretas.

A fórmula encontrada para garantir o controle político dos novos interventores nos futuros processo eleitoral, foi à alteração da Legislação Sindical, via a portaria n° 40. Principais medidas impostas aos trabalhadores e trabalhadoras e seus representantes:

  1. a) Foram canceladas filiações de sindicalistas “suspeitos”;
  2. b) Os sindicatos tinham que representar interesses políticos mais gerais;
  3. c) Acabaram com as discussões políticas e a participação democrática da base;
  4. d) O assistencialismo passou a ser o único instrumento que o associado tinha direito;
  5. e) A luta de classe foi abolida, e deu lugar a uma nova ideologia que dificultava os movimentos reivindicatórios;
  6. f) Repressão e arroxo salarial vieram a Lei antigreve n° 4.330 é o fim do regime de estabilidade no emprego.

Influenciados pela onda de protestos organizados pelos estudantes, e principalmente após o assassinato do estudante Edson Luís pela polícia carioca, uma parcela significativa da sociedade e sindicatos passaram a organizar manifestações contra a ditadura militar. Trabalhadores metalúrgicos em Osasco-SP e Contagem – MG entraram em greve e ocuparam fábricas.

Em São Paulo, diversos grupos políticos e alguns sindicatos decidiram intervir, na comemoração oficial do 1º de Maio na Praça da Sé, que contaria com a presença do governador Abreu Sodré. Logo no inicio da comemoração, os manifestantes investiram contra o palanque e expulsaram os políticos, o próprio governador foi atingido por uma pedrada na testa antes de sair do local.

No dia 13 de dezembro, para conter a reanimação do movimento sindical e social, os militares promulgam o AI-5 – Ato Institucional nº. 5 – Que impôs a censura, a limitação dos poderes do Congresso e o total arbítrio. Esse foi o período mais repressivo e terrível da história do Brasil.

Sem muitas alternativas, devido às péssimas condições de trabalho, salários arrochados, boa parcela dos trabalhadores procurou saídas individuais. No entanto, apesar de todas as dificuldades, da repressão violenta, do quadro de dispersão e isolamento político da classe operária, aos poucos se desenvolveram novas formas de protesto e revolta contra o regime ditatorial.