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7 de Fevereiro de 2024

Quem são os melhores motoristas de ônibus de São Paulo

SPTrans e Secretaria de Mobilidade entregaram prêmio inédito na cidade. Segundo secretário, João Octaviano, licitação vai obrigar empresas a preparar melhor os condutores. Taxistas devem ter premiação semelhante.

Fazer um veículo grande funcionar, qualquer profissional consegue. Mas ser motorista de ônibus é muito mais do que isso. É lidar com vidas, com histórias e humores diferentes a todo o instante e, os tais detalhes como um “bom dia”, um atendimento respeitoso ao idoso, a paciência para evitar conflitos de trânsito, etc, fazem a diferença entre uma viagem estressante ou agradável, entre um acidente e uma vida poupada e entre uma briga e um bom relacionamento diário.

Ser motorista de ônibus urbano, ainda mais em cidades gigantes, como São Paulo, não é nada fácil. Trânsito, violência, passageiros nervosos, falta de corredores de ônibus, barulho, buraqueira, ar poluído formam um cenário que exige muito preparo profissional e emocional.

A relação entre passageiros e motoristas em São Paulo não é fácil. A conduta dos motoristas de ônibus sempre figura entre as maiores reclamações recebidas pela gerenciadora do sistema,  SPTrans – São Paulo Transporte.

Punir, capacitar ou estimular boas condutas? Qual o melhor solução para reverter este quadro?

A resposta mais adequada parece ser: todas as alternativas juntas.

E no quesito estimular, a SPTrans realizou nesta segunda-feira, 07 de maio de 2018, uma premiação inédita na cidade: O “Prêmio Motoristas do Ano de 2017” homenageou os 32 melhores condutores do sistema de São Paulo indicados por suas respectivas garagens, tanto do subsistema estrutural (viações com ônibus maiores que passam pelo centro da cidade) como do subsistema local (empresas que servem os bairros com ônibus menores e que tiveram origem nas cooperativas). Foi selecionado um condutor de cada garagem.

Os critérios de seleção foram das próprias empresas de ônibus, que seguiram indicadores como não envolvimento em acidentes, condução econômica e defensiva, elogios, ausência de reclamações e outros itens que fazem parte do Programa Viagem Segura, da cidade.

O presidente da SPTrans, Paulo Cézar Shingai, disse que hoje os mais de 32 mil motoristas passam por diversas situações estressantes típicas de grandes cidades, mas que simples atitudes dos condutores podem ajudar a melhorar a situação, inclusive, no relacionamento com o passageiro, que muitas vezes já entra no ônibus nervoso.  Como já havia adiantado o Diário do Transporte, em algumas linhas, estão sendo estudados modelos de atendimento melhor ao usuário do sistema, com a participação fundamental de motoristas e cobradores.

“Um simples bom dia, boa tarde e boa noite ajuda muito. Humaniza a relação do operador, da tripulação com o usuário. E a gente já está incentivando as operadoras a fazerem isso. Pegar uma linha, escolher uma sequer, e os operadores passarem a dar bom dia, boa tarde e boa noite. Já tenho duas linhas em testes. Ainda é em caráter experimental, mas o sucesso é imediato” – disse Shingai que ainda acrescentou que os primeiros resultados têm agradado os passageiros.

“É uma série de ações que devem ser feitas e nós estamos nos adaptando nessas duas linhas, junto com os operadores e com total respeito ao sindicato. O resultado foi muito importante, muito significativo. O usuário tem interagido muito com os operadores e a gente vai tentar expandir isso para o resto da cidade.”

As linhas são 6035/10 Vila Gilda -Terminal Guarapiranga e 6505/10 Terminal Guarapiranga- Terminal Bandeira.

O secretário de Mobilidade e Transportes, João Octaviano Machado Neto, também reconhece que a rotina dos motoristas em São Paulo não é nada fácil e que, justamente por isso, é importante o reconhecimento. O secretário acredita que a licitação do sistema de ônibus da cidade pode trazer benefícios aos motoristas ao atrelar a remuneração das empresas à satisfação dos passageiros e exigir mais tecnologias nos ônibus e no gerenciamento. Na visão do secretário, as empresas vão tentar reduzir o número de reclamações e a insatisfação dos passageiros com as novas exigências e, para isso, devem ampliar os investimentos na capacitação de mão de obra.

Claro [que a licitação pode ajudar na valorização dos motoristas. Pelo menos duas coisas que posso citar. Uma é a pesquisa de satisfação do usuário, que vai implicar justamente na remuneração. Quer dizer, o usuário satisfeito vai bonificar ou penalizar a empresa e quem torna o usuário satisfeito? Uma parte é retaguarda da empresa. Deixar o ônibus em boas condições, colocar o ônibus nos tempos corretos e o motorista, que é a identidade da empresa. Ele e o cobrador representam a empresa e o município. O diálogo com eles, esse trabalho que a SPTrans está fazendo de requalificação, discussão, está presente no edital. Está presente também a nova tecnologia embarcada, que vai ajudar muito a ter maior controle, maior estrutura de cuidado em si, com detalhes, seja do percurso do ônibus, seja da chegada dele no ponto, essa estrutura de eletrônica embarcada vai ajudar muito para que possa liberar o motorista para que ele tenha uma relação mais humana e menos impessoal com todos os que usam o ônibus dele. – explicou João Octaviano que disse ainda que estuda fazer uma premiação semelhante para os taxistas da cidade.

Além de um certificado, os motoristas selecionados ganharam uma visita ao Memorial de Segurança no Trânsito, mantido pela Volvo, em Curitiba, e às fábricas da Volvo do Brasil, em Curitiba, e da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo. Ambas as montadoras, que produzem os veículos que dia a dia são guiados pelos profissionais, foram patrocinadoras do evento.

“É o motorista que faz a mobilidade acontecer. Por isso, que valorizar o motorista é valorizar a mobilidade, valorizar os passageiros. É importante uma iniciativa como essa” – disse o representante da Mercedes-Benz, Jefferson da Costa Silva.

“A preocupação com segurança vai além de veículos e tecnologias, que são importantes, mas o motorista neste aspecto é fundamental, ainda mais no transporte coletivo. O motorista é o embaixador da segurança” – enfatizou o representante da Volvo, Humberto Costa.

A premiação em si foi simples, mas o que contou foi o reconhecimento.

Entre os motoristas premiados, estavam jovens de 26 e 27 anos, mulheres, e condutores com mais de 60 anos que ajudaram a cidade a crescer pelo seu trabalho no comando dos gigantes coletivos e ainda estão na ativa.

Um deles é José Vieira de Lemos, de 66 anos, dos quais 41 anos dedicados ao transporte coletivo, no mesmo grupo de empresas. Há 36 anos, Lemos dirige na linha entre Camargo Velho e Metrô Itaquera. Hoje na VIP Transportes, Lemos começou a trabalhar na empresa Penha-São Miguel em 1977, num modelo Caio Bela Vista I.  O motorista diz que em todo este tempo, destaca como principal melhoria do setor a qualidade dos ônibus.

“Quando eu entrei na empresa, ainda tinha carro [ônibus] ano 1958, que depois foram reformados, recebendo carroceria nova, o que não pode mais fazer. As alavancas de troca de marcha, a gente chamava de ‘coça sovado’, porque a gene tinha de levantar muito o braço para trocar a marcha, o calor do motor era demais. Queimava os pelos da perna. Eu chegava em casa reclamando. O volante era o queixo duro. Hoje é tudo macio, tem ar-condicionado. Tá bem melhor” – relembra

O aspecto que piorou muito com o tempo foi a violência.

“Eu começo das 16h20 e vou até às duas da manhã. Foram mais de 40 vezes que fui assaltado enquanto eu dirigia. A última vez foi no ano passado, roubaram meu cobrador, roubaram os passageiros. Levaram 19 celulares, com o do cobrador, foram 20 celulares” – relembrou ao lado da mulher, Matilde, com que é casado há 43 anos.  Matilde, emocionada com o reconhecimento, recordou várias histórias do marido no transporte.

Outro motorista premiado foi Marileudo dos Santos, da Sambaíba, que está há 24 anos dirigindo no sistema de São Paulo, dos quais 18 anos no mesmo grupo empresarial.

Para Marileudo, sua função como motorista, no dia a dia, o ajudou com o tempo não apenas ser um melhor profissional, mas a estruturar sua família.

“A gente a aprende a lidar com as diferentes pessoas, mas isso nos faz crescer como ser humano. Estou emocionado com essa premiação, esse reconhecimento. Tudo o que eu tenho hoje e tudo o que consegui dar para minha família, foi pelo volante” – contou Marileudo que disse que hoje o que melhorou no sistema foi a qualidade dos ônibus e o que piorou com o decorrer do tempo foi o trânsito cada vez mais complicado.

CONFIRA A RELAÇÃO DOS MOTORISTAS PREMIADOS:

Silas de Oliveira, 33 anos, da Norte Buss Transportes – área 1 subsistema local

João Wilson Clares, 67 anos, da Spencer Transporte – área 1 subsistema local

Roberto de Almeida, 49 anos, da Viação Gato Preto – área 1 subsistema estrutural

Augusto Rodrigues da Silva, 48 anos, da Viação Santa Brígida – área 1 do subsistema estrutural

Tiago Neri, 31 anos, da Norte Buss Transportes – área 2 subsistema local

Alexsandro Augusto da Rocha, 36 anos, da Spencer Transporte – área 2 subsistema local

Marileudo dos Santos, 47 anos, da Sambaíba – área 2 subsistema estrutural

Rodrigo Justino da Silva Primo, 26 anos, da Qualibus – área 3 subsistema local

Taunay Max Oliveira Souza, 36 anos, da Transunião Transportes – área 3 subsistema local

Adilson Antunes Abrantes, 47 anos, da Expandir Transportes – área 3 subsistema estrutural

José Vieira de Lemos, 66 anos, da VIP Transportes – área 3 subsistema estrutural

Rafael Sandim Anselmo, 27 anos, da Allibus Transportes – área 4 subsistema local

José Vieira da Silva, 52 anos, da Pêssego Transporte – área 4 subsistema local

Osvaldo dos Santos, 60 anos, da Ambiental Transportes Urbanos – área 4 subsistema estrutural

Márcio Francisco Alves Júnior, 48 anos, da Express Transportes Urbanos – área 4 subsistema estrutural

Carlos Roberto de Azevedo, 51 anos, da Imperial Transportes – área 5 subsistema local

Antônio José Santana, 44 anos, da MoveBuss –   área 5 subsistema local

Joaquim Valdecy Nogueira, 56 anos, da Via Sul Transportes –   área 5 subsistema estrutural

Juarez Alves Batista, 60 anos, da A 2 Transportes –   área 6 subsistema local

Maria do Rosário Santos de Assis, 60 anos, da Transwolff Transportes -área 6 subsistema local

Luciano Valentim dos Santos, 46 anos, da MobiBrasil –   área 6 subsistema estrutural

Ailton de Souza de Cerqueira, 40 anos, da Tupi Transportes –  área 6 subsistema estrutural

Márcio Mendes Theodoro, 40 anos, da Viação Cidade Dutra –   área 6 subsistema estrutural

Kathiussia Borges de Queiroz, 34 anos, da Transwolff Transportes – área 7 subsistema local

Luiz Carlos Fernandes, 54 anos, da Gatusa Transportes –   área 7 subsistema estrutural

Amarildo dos Santos Araújo, 50 anos, da Viação Campo Belo –   área 7 subsistema estrutural

Edvaldo Gomes da Silva Filho, 44 anos, da VIP Transportes – área 7 subsistema estrutural

Aluísio José Maia da Silva, 52 anos, da Transkuba – área 7 subsistema estrutural

Rui Almeida da Silva, 59 anos, da Alfa RodoBus  – área 8 subsistema local

Rogério de Souza Carvalho, 32 anos, da Auto Viação Transcap –  área 8 subsistema local

Ademir Brito de Oliveira, 40 anos, da Transppass Transportes – área 8 subsistema estrutural

 

Edi Carlos Antônio de Lima, 40 anos, da Viação Gato Preto – área 8 subsistema estrutural.

 

FONTE: SPUrbanuss

http://www.spurbanuss.com.br/comunicacao/visualizar/clipping/quem-sao-os-melhores-motoristas-de-onibus-de-sao-paulo