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5 de agosto de 2018

TRANSPÚBLICO 2018: Mobilidade, quem deve bancar e como?

TRANSPÚBLICO 2018: Mobilidade, quem deve bancar e como?

Não perder horas e mais horas do dia em congestionamentos. Ter um ar respirável. Contar com sistemas de ônibus e ferrovias integrados, com qualidade e baixo custo para o cidadão.

Quem não quer uma cidade assim, onde é possível ir e vir com a rapidez que a vida moderna exige e sem aborrecimentos?

No entanto, tudo isso tem um custo. Mas como bancar os investimentos necessários para um sistema de locomoção eficiente?

Este foi um dos temas principais da reunião extraordinária do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana que ocorreu na manhã desta quinta-feira, 02 de agosto de 2018, como evento paralelo à feira de transportes Lat.Bus Transpúblico 2018, na zona Sul da capital paulista.

Os mais de 30 secretários presentes foram unânimes em apontar a Cide Municipal como um dos caminhos mais viáveis para melhorar a qualidade dos transportes e trânsito.

A Cide Municipal, ou Cide Verde, consiste num imposto sobre o litro do diesel e do etanol cuja a arrecadação deve ser destinada ao financiamento do transporte público, em especial das tarifas.

A lógica é a seguinte. Quem está no carro, se deslocando individualmente, ocupa mais espaço nas vias assim como, proporcionalmente, polui mais do que o deslocamento de uma pessoa que está no transporte público.

Desta forma, na visão de quem defende a Cide Verde, o transporte individual financiando diretamente o transporte público é um cenário até mesmo de justiça econômica na mobilidade.

O presidente da ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos, Ailton Brasiliense, disse que hoje existem pessoas que deixam de usar o ônibus, trem e metrô, simplesmente porque não têm dinheiro para pagar a passagem, de acordo com um estudo da NTU, associação que reúne as empresas de ônibus urbanos no Brasil.

“A tarifa está alta para o usuário, que é a principal pessoa com quem a gente tem que trabalhar, buscando qualidade evidentemente maior. Nesse evento todo, junto com o seminário, foi lembrado de um trabalho desenvolvido que mostra o universo de pessoas que usavam o transporte público e abandonaram por desemprego, perda de salário, etc. Se a tarifa fosse reduzida em R$ 1, você teria o retorno de quase 60% desses usuários.” – disse Ailton.

De acordo com o presidente do Fórum, que também é secretário de mobilidade de Juiz de Fora, Rodrigo Tortorielo, há desafios para convencer a classe política para aprovação do projeto, que já está no Congresso Nacional, e a sociedade, cansada de pagar impostos e que vê o preço dos combustíveis cada vez mais altos nas bombas.

Para o secretário, entretanto, estudos mostram que a Cide Verde é vantajosa sob vários aspectos e que, na prática, não deve ser visto como mais um imposto, mas uma transferência de recursos.

“Já têm estudos apresentados que mostram que R$ 0,10 de aumento no preço do combustível representam R$ 0,30 de redução na tarifa do transporte coletivo. Isso já representa que a maior parte da sociedade que mais precisa de transporte público, teria benefício maior. Também já têm estudos que a apresentação dessa contribuição através do combustível tem um caráter deflacionário, uma vez que também traz redução de custos com acidentes, custos que a sociedade paga como um todo e não percebe, como a poluição. Com isso, o espectro é muito mais amplo do que um possível aumento de impostos. Na verdade, é uma transferência de recursos, que melhora a utilização dos recursos públicos que já são utilizados na saúde, na redução de poluição e na melhoria do transporte coletivo.” – disse Tortorielo.

O secretário disse ao Diário do Transporte que este momento é propício para a discussão por causa das eleições. Para ele, os candidatos devem não só promoter o que vão fazer para a mobilidade, mas já apresentarem propostas de quem deve pagar a conta e de que forma.

Fonte – Diário do Transporte