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5 de junho de 2018

Trabalho informal cresce com a crise

Trabalho informal cresce com a crise

A crise e o aumento do desemprego estão empurrando uma parte da população para a informalidade e o subemprego. Em meio ao crescimento do número de demissões e à menor oferta de vagas, muitas pessoas estão tendo que encarar um emprego sem carteira assinada, um pequeno negócio por conta própria ou vivendo de bicos.

Entre setembro do ano passado – quando a turbulência financeira ganhou fôlego – e fevereiro desse ano, o volume de pessoas subocupadas cresceu 18,3%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE.) Pela definição do IBGE, os subocupados são pessoas que dizem que até poderiam trabalhar mais horas, mas que diante da crise só encontram serviços em tempo parcial, sem vínculo empregatício, como galhos e biscates. Nesse período, 114 mil pessoas passaram a viver de subocupação, engrossando um contingente que já soma 735 mil pessoas nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo instituto.

“A informalidade caminha de mãos dadas com o desemprego e o crescimento da subocupação mostra uma piora do mercado de trabalho e uma deterioração da qualidade do emprego, que tradicionalmente ocorrem em época de desaquecimento da economia”, explica o professor Anselmo Luís dos Santos, do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp.

É o caso da bióloga CornéliaGorski, de 23 anos, que vive desde outubro do ano passado de trabalhos temporários como promotora de marketing em congressos e feiras e de algumas aulas de educação ambiental. Sem registro em carteira de trabalho, ela recebe entre R$ 60 e R$ 130 com eventos. “Às vezes trabalho durante apenas uma hora, às vezes seis horas por dia. Nunca sei quanto vou ganhar no mês. Mas entre ficar sem fazer nada e ganhar alguma renda é melhor trabalhar uma hora”, afirma ela, que está terminando um MBA em Gestão Ambiental e sonha com uma vaga de pesquisadora em uma universidade. “Já fiz vários concursos. Estou sempre procurando uma colocação melhor, mas emprego de professor está difícil e é mal remunerado.”

Historicamente a subocupação cresce em períodos de desaceleração econômica. Em 2003, durante a última crise, a população de subocupados chegou a 1 milhão de pessoas. A atual desaceleração não provocou um estrago tão grande, mas já reduziu o número de pessoas no mercado formal – entre outubro de 2008 e fevereiro de 2009, 173 mil pessoas perderam o emprego com carteira assinada no país, de acordo com o IBGE.

Em fevereiro, o nível da ocupação – relação entre a população ocupada e a população total com mais de 10 anos de idade – caiu 1% na comparação com janeiro, para 51,6%. Foi o maior recuo para o período desde 2002, início da série histórica do IBGE, que coleta os dados em seis regiões metropolitanas: São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre.