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7 de Março de 2022

Impunidade! A cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil

Impunidade! A cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil

Em 2015, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontava que a cada 11 minutos uma mulher era estuprada no Brasil. Já em 2020, a cada 8 minutos uma mulher é vítima de violência sexual

A pesquisa também pontua que 57,9% das vítimas tinham no máximo 13 anos de idade, 18,7% das vítimas tinham entre 5 e 9 anos e 11,2% eram bebês de zero até 4 anos de idade.

Segundo o Anuário Brasileiro de Violência Pública (ABVP), 56.263 mulheres foram estupradas no Brasil só em 2019, no ano anterior foram registradas 5.966 tentativas de estupro. A cada 8 minutos uma mulher é violentada sexualmente no país, porém, o número de casos é muito maior do que os registrados nas delegacias brasileiras.

Fonte: Anuário Brasileiro de Violência Pública/Reprodução

“Estes números, no entanto, dão conta apenas da face mais visível dos crimes sexuais, aqueles que são notificados as policias. Há anos chamamos a atenção para a imensa subnotificação que cerca o fenômeno, fruto do medo, sentimento de culpa e vergonha com que convivem as vítimas; medo do agressor e até mesmo o desestímulo por parte das autoridades”, afirma o ABVP de 2020.

No livro “Abuso: a cultura do estupro no Brasil”, a jornalista Ana Paula Araújo afirma que os casos de estupro no país podem ser até dez vezes mais do que o notificado pela polícia, isso ocorre porque as vítimas se sentem culpadas e a maioria das mulheres tem vergonha de expor o que aconteceu.

Os casos de violência domestica também aumentaram em 2020, segundo o ABVP, uma agressão física contra mulher é registrada no Brasil a cada 2 minutos, só durante o ano passado, foram registrados 266.310 casos de violência. Quanto ao feminicídio, houve crescimento de 7,1% em relação aos casos de 2019, sendo mulheres negras 66,6% das vítimas e 56,2% das vítimas tinham entre 20 e 39 anos, em sua maioria elas foram assassinadas por companheiros ou ex-companheiros, somando 89,9% dos casos.

Para Sarah Oliveira Pires, 26, que realiza pesquisa sobre a violência contra a mulher no núcleo de psicologia na Universidade Federal de Goiás, o grande problema é que a maior parte das vítimas de violência sexual tem medo de denunciar o abusador. “Em minha pesquisa, um dos dados mais alarmantes é que o maior índice de violência sexual acontece dentro de casa. O abusador normalmente faz parte do núcleo familiar (filhos, pais, tios, avós). Isso acaba sendo muito problemático, a vítima sofre violência onde supostamente ela deveria ter segurança, sendo pior ainda quando você não consegue ter um suporte, porque você não tem com quem contar”, explica a estudante em entrevista ao Jornal Metamorfose.

A situação se agrava em cidades e comunidades pequenas, principalmente as que não têm uma delegacia da mulher ou órgãos governamentais que estejam preparados para acolher mulheres vítimas de agressão sexual.

Segundo a psicóloga e psicanalista Adriana Duarte, 52, a cultura brasileira reforça cotidianamente que a culpa é da vítima que sofre abuso sexual. Por esse motivo, a vergonha e medo que as mulheres sentem é derivado de um longo processo histórico de silenciamento. “Muitas vezes a própria família da vítima impõe o silêncio, as vítimas têm medo de denunciar porque a culpa será dela”, conta a especialista.

Adriana explica que existem dois tipos de molestador: o ocasional, que vê uma ocasião para molestar e o sistemático, que pratica abusos cotidianamente. “Acontece muitas vezes por oportunidade, por uma impunidade ou por desequilíbrio psíquico”.

“A nossa sociedade não prepara homens para serem homens e sim para serem tiranos, a sociedade como um todo está adoecida. Portanto, se alguém ou algo te incomodou busque ajude e comprove que você estava certa, nunca foi sua culpa. Vítimas não são algozes, são sempre vítimas. Busque ajude, sempre que tiver dúvidas busque até achar, não deixe ninguém te parar nem te calar” – Adriana Duarte, 52, psicóloga e psicanalista.

“Hoje eu falo isso [sobre os abusos] abertamente, isso sempre aconteceu só que hoje temos mais denuncias, hoje a gente tem grupos de apoio. É educação, abertura, diálogo entre as pessoas, porque quando uma fala as outras também tem coragem de falar, talvez eu falando outra também vai ter coragem. Eu gostaria de poder abraçar todas vocês, não aceita, não se cale, não precisa ficar com medo, denuncie! Eu sinto muito mesmo por todas nós” – Juliana Oliveira, 26.

“Eu realmente acredito que pode sim existir uma mudança através da pesquisa, quanto mais informação a gente conseguir agregar a esse tema, como essa pratica é corrosiva na sociedade, como isso prejudica todos em uma sociedade. Eu espero que o meu trabalho agregue e que venha mais trabalhos nessa perspectiva” – Sarah Oliveira, 26, estudante de psicologia.

“Existem várias formas de acabar com a violência sexual infantil, uma delas é o diálogo. Tem que haver diálogo nas famílias! As crianças têm que se sentir seguras para falarem de qualquer coisa, elas devem se sentir acolhidas. Essa situação só vai mudar quando o sexo e o corpo deixarem de ser tabus, tenho certeza que muita coisa muda” – Neide.

Fonte – jornalistaslivres.org