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5 de junho de 2018

CET liga mais 97 câmeras aos sistemas da polícia

CET liga mais 97 câmeras aos sistemas da polícia

O governo estadual promete para novembro a interligação de mais 97 câmeras da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) ao Detecta, o sistema criado há dois anos para integrar banco de dados e câmeras de diferentes locais para monitorar áreas, veículos e suspeitos. O anúncio foi feito na terça-feira (18), quando a SSP (Secretaria de Segurança Pública) apresentou números que, segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), provam a eficácia do sistema, uma de suas bandeiras na última eleição.

“Todo dia estamos ampliando as câmeras. Na Anchieta/Imigrantes teremos 16 a mais em breve. Antes, você tinha tudo de maneira isolada e agora o sistema integrou toda essa base de dados”, destacou. A conexão está prevista para funcionar em novembro, contemplando todas as regiões da capital.

Apesar de ampliar a rede, a promessa de Alckmin não avançou no acordo com os condomínios desde a publicação no “Diário Oficial  do Estado”, em 21 de junho, de termo de cooperação entre o Secovi (Sindicato da Habitação) e SSP para integrar câmeras particulares.

Durante o anúncio, realizado no Copom (Centro de Operações da Polícia Militar), também foram apresentados resultados de dois meses de integração de leitores de placas da CET ao Detecta. Desde o dia 18 de agosto, quando as câmeras começaram a ser integradas, 178 pontos foram conectados.

 

O secretário de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, espera que as câmeras cedidas pela Prefeitura para o sistema aumentem a produtividade policial. “O maior feito do Detecta é integrar efetivamente as nossas três polícias a partir da unificação dos bancos de dados”, elogiou.

‘Extraordinário’

Para justificar a importância do sistema que qualificou como “extraordinária ferramenta de combate ao crime”, Mágino enfatizou que por meio dos alertas do sistema a PM pode agir de forma mais rápida e precisa. Segundo ele, o Detecta identificou mais de 214 milhões de placas de veículos só na capital. “Esses são apenas alguns exemplos do que essa extraordinária ferramenta pode fazer”, concluiu.

No evento, ainda foram premiados policiais militares que realizaram ações com apoio do sistema, como a recuperação de veículos roubados e a localização de vítimas de sequestro-relâmpago. Nem SSP nem CET informaram a localização das câmeras.

Análise: José Vicente da Silva Filho, Coronel da reserva da PM e ex-secretário nacional de Seg. Pública

‘Teremos um big brother nas ruas’

O Detecta está em fase de implantação ainda, mas é um dos mais sofisticados. Com ele, não temos meramente um sistema de monitoramento de transito que tinha na CET. Passamos a ter mais olhos. É um big brother no sistema.  Essa cooperação com o privado (comércio e condomínios) pode ser bem-vinda, não há nenhum problema. Já existe um gasto com segurança, mas ele pode ser melhor direcionado. Quando você melhora a tecnologia na região central, precisa de menos efetivo policial, que pode ser deslocado para a periferia. O pessoal chique do Morumbi ou dos Jardins, por exemplo, se isola em seus muros de 4 ou 5 metros, não há vida comunitária. O policiamento tem que ser modulado conforme o ambiente em que atuar. É preciso desenvolvimento tecnológico, que racionaliza recursos, e aperfeiçoamento da polícia no contato com a sociedade. A parte tecnológica é mais cara, mas a social é mais difícil. Sempre é.

Sistema ainda está longe de alcançar condomínios

Principal promessa do governador Geraldo Alckmin para a área da segurança na última eleição, o sistema Detecta ainda não avançou no que diz respeito à interligação das câmeras de condomínios e prédios comerciais, limitando-se aos aparelhos que monitoram o trânsito (câmeras da CET). A ideia é ampliar a rede de câmeras, trazendo para o sistema esses equipamentos. Com o acesso às imagens, a polícia entende que poderia deslocar uma viatura ao local do crime no momento em que ocorre.

Na tentativa de fazer uma parceria, em julho deste ano, o governo estadual assinou um acordo com o Secovi (Sindicato da Habitação de São Paulo) para conseguir interligar os equipamentos de segurança dos prédios ao Detecta. 

O termo de cooperação entre Secovi e SSP (Secretaria da Segurança Pública) foi publicado no “Diário Oficial” do estado, mas nada foi feito desde então.

Segundo Hubert Gebara, vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, a entidade aguarda novas reuniões para orientar os condomínios. “O principal objetivo é mostrar para aqueles que moram ou trabalham em condomínios a importância das ações preventivas e, assim, minimizar os riscos”, destacou.

O principal obstáculo é o valor dessa interligação, que custa em torno de R$ 2 mil para cada câmera, um preço que seria pago pelos condôminos. 

Latrocínio

Em fevereiro deste ano, o então secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, se reuniu com moradores dos bairros Panamby e Morumbi, na Zona Oeste, regiões que registram altos números de criminalidade, para discutir a possibilidade de interligar as câmeras. Mas não houve avanço.

Segundo números da SSP, no 89 DP (Portal do Morumbi), de janeiro a agosto deste ano, foram registrados 987 roubos naquela região, crime que preocupa pela violência e risco de terminar em morte. Até agosto deste ano, uma pessoa morreu em assalto no Morumbi. Trata-se do taxista José Roberto Esteves Santos, de 62 anos, morto em um assalto na Rua Silveira Sampaio no dia 25 de fevereiro deste ano.

 

(Fonte: Diário de SP)