Valdevan Noventa - Um líder não nasce por acaso!

A classe trabalhadora foi a maior vítima da Ditadura Militar no Brasil

No ultimo domingo (31 de março), completou 60 anos que os militares depuseram o presidente João Goulart, a partir daí, inicia-se no Brasil um regime ditatorial no qual o povo brasileiro e, principalmente, os trabalhadores e trabalhadoras e seus representantes sofreram as consequências até 1985.

Ou seja, ficaram por 21 anos submetidos a toda sorte de arbitrariedades, com cassação de mandatos políticos, desaparecimentos, prisões e a tortura de centenas de opositores, a supressão do voto direto, dos partidos tradicionais e dos sindicatos, a censura à imprensa e às manifestações artísticas.

O SMTRUSP – Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transportes Urbano de São Paulo, por sua longa história de lutas e resistência contra a exploração dos patrões, entrou na mira dos militares e sofreu intervenção nos períodos nos anos (1964/68; 1974/75 e 1975/79) e teve sua história camuflada pelos interventores a serviço dos generais, que impuseram significativas perdas de direitos a categoria.

Lembrar as atrocidades desta época não significa revanchismo, contra os militares e as Forças Armadas Brasileira. Contar esta triste história para os maias jovens é uma forma de prevenção para que não se repita mais. Refletir sobre um regime de exceção ajuda no fortalecimento da democracia e manter viva a memória coletiva, para que jamais voltemos ao passado que tanto nos prejudicou enquanto cidadãos.

O dirigente sindical precisa ter compromissos com esta questão; ter uma ideologia e consciência de classe.  Quando assumiu meu primeiro mandato como diretor do Sindicato em 1985, no cargo de Secretário Geral, estava convicto de que minha principal meta era colocar a entidade no caminho da organização e luta, por melhores condições de vida, trabalho, salário, liberdade de expressão e dignidade.

Tinha claro que isso só seria possível com o fortalecimento do sindicato via Organização da Categoria nos Locais de Trabalho, para dar sustentação as lutas que seriam travadas ao longo dos anos. Sabia que nesta tarefa o papel do diretor seria preponderante no enfrentamento das dificuldades colocadas pelo poder público e os patrões, que ainda cultuavam o regime de repressão e tratavam a luta sindical e trabalhista como caso de polícia.

A classe  trabalhadora foi a maior vítima da Ditadura Militar no Brasil e temos que nos conscientizar deste acontecimento sombrio e defender a democracia que é o regime  político das liberdades de manifestação de pensamento, de imprensa, de aprender e ensinar, de divulgação cultural, de consciência e de crença religiosa, de orientação sexual, de organização e mobilização da sociedade civil, entre tantas outras.

Edivaldo Santiago da Silva – Presidente do SMTRUSP